O Brasil caiu duas posições este ano no Índice de
Competitividade Mundial (World Competitiveness Yearbook), divulgado nesta
quinta-feira (31) pelo International Institute for Management Development
(IMD). O levantamento, publicado anualmente desde 1989, avalia as condições de
competitividade de 59 países a partir da análise de dados estatísticos
nacionais e internacionais e pesquisa de opinião feita com executivos. No
Brasil, a pesquisa é coordenada pela Fundação Dom Cabral.
Entre os 59 países pesquisados, o Brasil caiu da
44ª, em 2011, para 46ª posição, em 2012. Em 2010, o país ocupava o 38º lugar. O
ranking geral aponta, pela ordem, Hong Kong, Estados Unidos, Suíça, Cingapura,
Suécia e Canadá como as economias mais competitivas do mundo.
"Apesar dos pontos extremamente fortes da
economia brasileira, como o dinamismo econômico e a força do mercado
consumidor, fatores como o frágil crescimento econômico do produto interno, a
baixa produtividade de suas indústrias e as pressões inflacionárias acabaram
por combalir, nos últimos anos, a competitividade nacional", disse o
professor da Fundação Dom Cabral e responsável pela coleta e análise dos dados
no Brasil, Carlos Arruda.
Em relação aos países da América Latina, o Brasil
aparece no ranking atrás de Chile (28ª), México (37ª) e Peru (44ª). Entre os
países de economia emergente, que compõem o Brics, o Brasil está à frente da
Rússia (48ª) e África do Sul (50ª), mas atrás de Índia (35ª) e China (23ª).
"O Brasil precisa de reduzir o protecionismo,
que é muito elevado. As tarifas alfandegárias são altas e o protecionismo está
a minar a competitividade das empresas locais. As exportações de produtos com
alto valor agregado não têm evolução nenhuma, as únicas exportações que
aumentam são exportações de bens naturais", disse o professor de finanças
do IMD, Nuno Fernandes.
Fernandes destacou que, para ganhar
competitividade, o país precisa elevar as exportações de produtos de grande
valor agregado, aumentar os financiamentos das empresas via mercado de
capitais, e não somente pelo setor bancário, e melhorar a infraestrutura
tecnológica. A cultura empreendedora dos empresários brasileiros, segundo ele,
também precisa ser alterada.
"Sobre a gestão empresarial, é necessário uma
cultura de risco no Brasil. Os empresários têm uma cultura empreendedora não
muito elevada. E a maior parte das empresas preferem ficar só no baixo risco,
ligadas a empresas públicas e empresas do estado. É preciso uma cultura global,
o gestor não pode ficar apenas refém dos serviços das empresas públicas e do
mercado local", disse Fernandes.
O levantamento mostra que o Brasil apresentou
significativos avanços nos subitens emprego (ganho de cinco posições, ocupando
o sexto lugar no ranking) e na infraestrutura (crescimento de seis posições, no
45º lugar no ranking). A eficiência dos negócios continua sendo, segundo o
levantamento, o pilar de maior força e estabilidade competitiva do Brasil,
ocupando o 27º lugar (ganho de duas posições).
"A Europa vai continuar a divergir durante os
próximos anos e não crescerá como os outros mercados. Os mercados emergentes
vão representar mais de 60% do crescimento durante a década atual. O Brasil tem
de tentar aproveitar esse crescimento e integrar-se globalmente", disse o
professor do IMD.
Agência do Brasil
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