sexta-feira, 15 de junho de 2012

A ALCA E OS NOSSOS ACORDOS


No início da década passada, escrevemos artigos sobre as vantagens de termos a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). E de participarmos dela. Engendrada por George Bush, então presidente dos EUA, e aceita pelo nosso presidente na época. Caminhava a passos lentos, mas andava. Com a troca de guarda na presidência no início da década passada, a Alca foi enterrada. Algo inexplicável, na ocasião, pelas vias lógicas.

Posteriormente, com o passar dos anos, o mistério foi sendo desvendado. O grande irmão do norte foi considerado satã pelo novo governo, e começamos a nos afastar dele. Nosso comércio exterior com os EUA foi reduzido a menos da metade do que era no governo anterior. E não só isso. Em política também. E começamos a nos aproximar dos seus inimigos, fazendo-os nossos melhores amigos.
Continuamos, como sempre, com acordos comerciais com um mínimo de países. Mais de 300 acordos no mundo, e temos apenas uma dezena deles. Enquanto dois dos nossos parceiros, com quem temos acordos, México e Chile, têm acordos com cerca de 50 países e blocos. Com EUA, China, União Europeia etc.

Afastamento político não precisava representar afastamento comercial. Vide a China, sempre ela para servir de exemplo. Política de esquerda, economia de direita, sendo hoje, provavelmente, o país mais capitalista do mundo. Com muito a nos ensinar, se fôssemos bons alunos e quiséssemos aprender.
Mas, como não temos tradição comercial externa e estamos eternamente girando em torno de 1% ou pouco mais dele, parece que o mercado externo não nos atrai. Não há esforço para isso. O que pode ser constatado pela alta carga tributária, altos juros, baixo investimento, falta de acordos comerciais, displicência com que tratamos nossa matriz de transporte e os modos utilizados.

Não conseguimos ainda descobrir o que todo mundo já sabe, e vide a China, novamente. Em 1979, nossa exportação era de 12,6 bilhões de dólares norte-americanos. A da China, 9,7 bilhões. Em 2011, nossa exportação foi de 256 bilhões, a da China, 1,9 trilhão. O que dispensa comentários.

Não conseguimos ainda ver a Alca como uma grande oportunidade, com seus 35 membros. E nem os EUA como um grande mercado. O maior do mundo, com 307 milhões de consumidores. Continuamos sem entender por que o País mistura política com economia e continua contra a Alca, em vez de encará-la como uma grande oportunidade.

Aliás, estamos sendo generosos, pois não é só contra a Alca, mas contra o mundo. Já que se discute, discute e os acordos não saem. Vide União Europeia, África do Sul, China, Índia, Rússia. Continuamos campeões olímpicos e mundiais em natação. Só nada, nada, nada.

Precisamos retornar às negociações com os mais diversos países para implementarmos acordos comerciais. O que aumenta muito o comércio, em face do barateamento das mercadorias. Vide, como exemplo, o Mercosul. Saímos de um comércio de três bilhões de dólares norte-americanos para mais de 40 bilhões. E isso porque temos todos esses problemas conhecidos entre nossos dois países. Que parecem convencidos de que dezenas de boas brigas são bem melhores que um bom acordo. O comércio poderia ser o dobro disso ou mais.

Parece que nosso medo é ficarmos a reboque da economia do Tio Sam. O que não ocorreria. Já tivemos muitos superávits anuais com eles. E são sempre eles que colocam barreiras às nossas mercadorias e não o contrário. E mais incompreensível é que não queremos acordo com eles, mas queremos com a União Europeia. É surreal.

George Herbert:"A dedicação dá aos nossos sonhos as asas para se erguerem e a força para voar."

Samir Keedi

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